9 de abril de 2012

O Desfecho



   Voltando pela rua bem familiarizada, a cada esquina vejo um pedaço de nossa historia se desfazendo e sumindo com o vento. Cada lembrança vai penetrando apenas no passado e vai ficando cada vez mais para trás, nas noites, nos abraços(...) Entro em casa e vou direto para o quarto, o velho quarto, e a decisão aflora na alma me fazendo surdo de razão, respirando e derramando emoções.

   A cama bem arrumada, lembranças e fotos na gaveta bem trancada com a chave quebrada. O casaco já esta no ombro e a noite vem chegando sorrateira para me acompanhar. Depois do final, só resta recomeçar como comecei, sozinho, para isso esta tudo bem guardado naquele quarto pequeno, do lado das canetas e dos papeis rabiscados, o abajur azulado, tudo sobre a escrivaninha e a janela aberta ao lado.

   O cenário da peça esta fechado, aberto apenas para minha visitação. Abandonar não é o gesto certo a qualquer coisa que um dia já teve um grande valor, mas o desfecho deste romance já aconteceu. E eu apenas vou fechar a capa e botar o livro na prateleira. Assim como os livros, sentimentos também podem ficar guardados para sempre, e sempre servirão como fonte de sabedoria. Agora vou confiar nos ventos que me levarão esta noite para uma outra casa, um outro quarto e talvez para algumas outras páginas em branco que buscam uma caneta e um bom contador de historias, para começar tudo de novo.

(Leandro)