10 de novembro de 2012

Uma porção de redemoinhos...



   Dor. Tentando esticar os lábios em uma linha sinuosa e perfeita para que ninguém perceba o profundo breu que nasce dentro de mim, dia após dia. Algo instável, que se modifica após cada conflito que tenho com a minha própria mente, algo cada vez menos suportável que vai causando enormes redemoinhos dentro de mim, se espalhando por cada espaço de meu corpo. Mas sei que não se importariam. Talvez eu prefira mesmo o velho estado entorpecente.
   Olhar para cima sem deixar que as lágrimas rolem minha face abaixo. Não chorar. Não deixar que percebam que o meu coração nunca foi feito de titânio, mas sim de papel. Um papel que já foi rasgado em tantos pedaços que já não me recordo e que embora fosse reciclado inúmeras vezes, em todas elas, voltava ao mesmo local de sempre, uma velha lixeira. Esquecido. E novamente o profundo e tenebroso vazio está de volta, este mesmo breu que sinto hoje.
   Estou me afundando nas minhas constelações outra vez, estou me prendendo, me privando de possíveis e futuros erros. Sinto que estou voltando para o mesmo quarto escuro, perdendo um dia de sol, onde todos aproveitam seus milésimos de segundo valiosos. Mas eu temo. E neste momento não há nada que eu possa fazer além de esperar que o próximo dia chegue para observar de longe as pessoas brincando nos campos e aproveitando um belo dia de piquenique enquanto se perguntam e julgam os meus olhares, sem saber o que escondo por trás deste lápis de olho um dia forte outro não e o mesmo rosto sereno de menina dissimulada.

Thais.

Uma face da fase


   Andei pela rua tomando chuva na cabeça, com o coração gritando por liberdade na cadeia do pensamento. Canalizar as emoções só me fez notar o quão defeituosos são os encanamentos do meu corpo, e a tamanha necessidade de amplificação da minha voz.
   Antes eram os gritos da minha autonomia, do meu pensamento livre, e agora cada célula do meu sangue vai consumindo o oxigênio que guardei antes de minha boca ser vedada pela mão do conformismo.
   Hoje o egoismo das bactérias que vagam pela rua me assustou, os vírus que são lançados a venda no mercado me deixaram com marcas de esperneio por não querer consumi-los, minha vontade de partir para um lugar só meu e dela é cada vez maior.
   Quando chego em casa, tiro a roupa e me vejo como o animal racionalmente emocional que me tornei, e casualmente a chuva afina até cessar. 



Leandro