15 de janeiro de 2012

Torpor


   Já faz tempo que venho tentando encontras as palavras, tentando explicar o que estou sentindo agora.  Mas minhas tentativas sempre foram em vão. Eu não tenho mais sentimento dentro de mim, até a dor foi cauterizada. A mesma dor que lutei tanto para ir embora, simplesmente sumiu e me deixou toda torpor. Fria. Eu já não sinto nada.
   A velha chama que eu custava a manter no peito, apagou, assim como uma vela que tinha um longo pavio a ser queimado, mas teve que chegar ao fim. Minhas lágrimas eram como cera, quanto mais o pavio era queimado, mais fazia com que elas aparecessem e queimassem qualquer superfície tocada de meu coração. Na época, tornando cada vez mais distante um estado entorpecente.
   Por trás de qualquer olhar triste, a dor estava ali, intacta. Ninguém podia sentir, os sentimentos eram profundos, ela sempre permaneceu. E por mais que eu tivesse a certeza do fim, eu sempre os mantinha. Com a velha dor, eu podia desfrutar um pouco mais do amor que estava totalmente encoberto pelas mentiras. Eu preferia assim.
   Nos dias em que temo, começo a agir friamente. De certa forma, isso não ajuda. É como se fosse apenas um sintoma de toda e qualquer ausência de sentimento. Sinto uma agonia por não ter pra onde fugir, sem saber pra quem recorrer. Apenas queria que alguém segurasse minha mão e me dando um longo abraço, sussurrasse “não tenha medo, eu estou aqui.” E então eu lidaria melhor com esse torpor e o vazio que inundam meu peito.

(Thais)

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