6 de setembro de 2011

Correndo na sua direção, não olhando para trás


   Sentia como se estivesse andando numa ponte que cruzava um grande abismo, uma ponte toda podre e quebrando aos poucos...

   Mas agora uma parte dela está desmoronando. Estou com medo de sair correndo e ela sumir de baixo dos meus pés. Estou alimentando uma coragem, estou sentindo frio por essa fina névoa que cobre toda a extensão da ponte. Estou vendo uma pessoa no final dela, estendendo a mão pra mim. A mesma pessoa que estava comigo quando ela era nova e não fazia esses ruídos amedrontantes, enquanto a névoa não turvava minha visão. Agora posso ficar aqui, parado, vendo a ponte cair e me levando para o fundo, ao mesmo tempo que a pessoa se cansa de esperar e vai embora. Mas posso ir correndo em sua direção não olhando para trás, não me importando com a névoa, não olhando para a ponte, não olhando para o abismo.

   E se eu fizer mesmo isso, se eu sair correndo em sua direção enquanto a ponte desaba, enquanto o abismo a engole tentando me levar junto ao fundo. E se quando eu chegar até ela com tudo despedaçando e ela não estender a mão para me segurar, se ela deixar esse abismo me engolir, vou despencar do alto junto com a ponte que eu mesmo ajudei a construir. Meus gritos de medo serão abafados pelos risos de alguém que  permitirá minha queda.

   O que mais amedronta não é o abismo em si, e sim a queda. O tempo que se leva até chegar ao fundo do abismo. Até mesmo porque, depois que se está no fundo, não ha mais o que temer...


(Leandro)

Nenhum comentário:

Postar um comentário