12 de outubro de 2011

A última lembrança

   Naquela manhã o dia amanheceu diferente. Não estava frio, mas o ar era de um frescor irreconhecível. Os raios do sol batiam em meus olhos e refletiam nas paredes que faziam sombras. Fui andando em sua direção. Ao te ver,  fiquei na ponta dos pés e lhe dei um longo abraço, sem saber que este seria o último. Te senti pela última vez. Não me importava com os olhares curiosos ao redor, o meu mundo girava em seus braços. O meu mundo pertencia à você.
   
Seguimos caminhos diferentes. Eu já deveria saber desde a primeira vez que minhas lágrimas caíram por você. Mais lágrimas cairiam. Haveria saudade, tristeza e decepção. Haveria um coração partido.
 
No dia em que te perdi para sempre, o crepúsculo já havia iniciado. Eu andava pelas ruas desertas observando o final de uma tarde vazia, iniciando o começo de uma noite fria. O tom alaranjado no céu era lindo, mas chovia. E isso fazia com que os galhos sem folhas balançassem como num temporal. Eu senti aquele chiado voltar, dentro do meu peito. Eu tentava engolir o choro, mas um gosto salgado e amargo surgia de dentro da minha garganta.
   
A noite, quando finalmente a luz da lua já iluminava meu quarto, eu tentava pegar no sono enquanto lágrimas quentes escorriam pelas minhas bochechas. Eu escutava a nossa música. Veio a minha mente a imagem da nossa última lembrança e foi assim que tudo escureceu. Eu adormeci para um novo amanhecer.


(Thais)

Nenhum comentário:

Postar um comentário